Pesquisa sugere nova abordagem terapêutica para lesão medular
Compartilhe
Um novo estudo
sugere que a administração de FTY720, um medicamento oral que tem se mostrado
promissor em ensaios para a esclerose múltipla humana, melhora
significativamente a recuperação locomotora nos ratos com lesão da medula
espinal (SCI). Esta pesquisa sugere um possível novo caminho para combater a
degeneração da medula espinhal na SCI humana. O estudo será publicado na edição
de abril e 2012 da American Journal of Pathology.
Além do dano
tecidual inicial, grande parte da degradação da medula espinal no SCI deve-se a
uma cascata de lesões secundárias, incluindo a apoptose neuronal e da glia, a
inflamação, a formação de cicatriz glial, o edema local, a isquemia, e o
estresse oxidativo. O objetivo do tratamento da SCI atual é o de neutralizar os
mecanismos de lesão secundários e evitar as suas consequências patológicas,
porque os neurônios do sistema nervoso central (CNS) têm uma capacidade muito
limitada de auto-reparação e regeneração.
Pesquisadores da
Faculdade de Medicina da Jichi Medical University e da Faculdade de Medicina da
Universit of Tokyo já haviam mostrado que a concentração do mediador
lisofosfolípido, esfingosina 1-fosfato (S1P), foi significativamente maior no
local da lesão por contusão, provocando a migração de células neurais
progenitoras/células-tronco para o local da lesão. Eles consideraram a hipótese
de que atacar os receptores de S1P pode se tornar uma terapia candidata para
vários distúrbios refratários do sistema nervoso central, incluindo a SCI.
O FTY720 atua
como um modulador amplo do receptor S1P. Acredita-se que a sua eficácia no
sistema nervoso central deriva da imunomodulação. Os pesquisadores descobriram
que a administração oral do FTY720 a camundongos logo após a contusão SCI melhorou
significativamente a recuperação da função motora. Eles descobriram que os
efeitos terapêuticos do FTY720 não dependiam exclusivamente da modulação
imunológica. A administração de FTY720 induziu a linfopenia retirando os
linfócitos do sangue e reduziu a infiltração de células-T na medula espinal.
Mas isso não afetou a infiltração precoce de neutrófilos e a ativação da
micróglia, não reduziu os níveis plasmáticos e a expressão mRNA de citocinas
inflamatórias na medula espinal. Testes em camundongos com imunodeficiência
combinada severa (SCID) com lesão medular descobriram que o FTY720 melhorou
significativamente a recuperação da função do membro motor posterior.
“Estes dados
indicam claramente a importância das funções imuno-independentes do FTY720 na
melhora dos déficits funcionais após da SCI nos camundongos”, explicou o
pesquisador principal, Yoichi Sakata, da Divisão de Pesquisa de Medicina
Celular e Molecular da Jichi Medical University School of Medicine.
Sakata observa
que os receptores S1P existem em muitos tipos de células e atuam em muitos
processos celulares. “Observamos que o FTY720 diminuiu a permeabilidade
vascular e o acúmulo de astrócitos na medula espinhal lesionada. Estas mudanças
foram também notadas nos ratos SCID, sugerindo que eles não são dependentes da
função dos linfócitos. O aumento da permeabilidade vascular pode levar à
destruição da barreira hemato-encefálica na medula espinal, e a acumulação de
astrócitos é o principal componente celular de cicatriz glial após a lesão do CNS.
O FTY720 pode agir contra estas lesões secundárias e, assim, impedir as suas
consequências patológicas. Nossos dados sugerem que atacar os receptores S1P
com o FTY720 é uma abordagem terapêutica atraente para a SCI. No entanto, uma
avaliação mais aprofundada, utilizando animais maiores, como primatas
não-humanos será necessária para confirmar sua eficácia no tratamento da SCI.
Além disso, estratégias que visem modular a concentração de S1P no CNS ferido
pode levar a novas abordagens terapêuticas para reparar vários distúrbios do
CNS”, ele disse.
Fonte:
Isaude.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.